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Para Meditar

Me apaixonei pelo meu terapeuta e agora?

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Me apaixonei pelo meu terapeuta e agora?

Um dia me perguntaram: “Você tem algum material sobre pacientes que tem transtorno de personalidade e que se apaixonam pelo terapeuta?

Os transtornos de personalidade se caracterizam por um padrão mal adaptado, profundamente enraizado e inflexível com reações emocionais exacerbadas. Segundo o Manual Diagnostico e estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), um Transtorno de personalidade é definido como um padrão persistente de experiência interna e comportamento que se desvia acentuadamente das expectativas da cultura do indivíduo.

Em geral existem 10 tipos de transtorno de personalidade: transtorno paranoide, transtorno esquizoide, transtorno esquizotípico, transtorno antissocial, transtorno boderline, transtorno narcisista, transtorno histriônico, transtorno obsessivo compulsivo, transtorno de personalidade esquiva ou evitativa, transtorno de personalidade dependente. (DSM-5 e CID-11)

Depois de refletir sobre a pergunta fiquei pensando que a vida é uma via de mão dupla e me perguntei sobre  qual a forma que o terapeuta abordava seu cliente que fazia com que ele se apaixonasse por ele – terapeuta?

Imagino que isso pode ser uma reviravolta nas psicoterapias.

As terapias que usam o paradigma intrapsíquico e que trabalham com transferência propiciam esse fator pois são relações que  causam esse ‘efeito colateral’.  Sim se apaixonar por seu terapeuta é um efeito colateral dessa abordagem. Freud (1915) chamava “amor de transferência”. Não é uma questão ética como alguns tentam argumentar mas uma questão técnica. Muito diferente de admirar um profissional que o tratou e qualificar seu esforço e o dele na direção do seu bem estar.

Na terapia relacional sistêmica quando trabalhamos com o outro trabalhamos com a gente mesmo simultaneamente, pois os avanços do cliente são proporcionais a habilidade do terapeuta se diferenciar  na sua própria família.

Todos nós estamos vinculados a um sistema familiar mesmo aqueles que vivem em orfanatos ou abandonados por seus pais. Nesses dois últimos casos essas pessoas estão vinculadas a sistemas substitutos que são suas referencias familiares. É nesse sistema que aprendemos a nos comportar e a repetir padrões  de comportamentos construtivos e destrutivos de nossos pais e familiares. Porque estou falando isso? Porque um profissional que trabalha com pacientes com transtornos graves precisa ter essa referencia teórica e metodológica em mente  para que não ocupe espaços que não lhe pertencem através de transferência.

Saber que você tem seu próprio pai, mãe e irmão conhecer os padrões funcionais e disfuncionais de sua própria família de origem, ter isso como meta de trabalho pessoal e conhecer a teoria sistêmica, como funcionar com essa metodologia e estuda-la corrige esse curso distorcido da paixão.

Se os  profissionais se colocam a disposição do cliente e não acionam a família de origem da pessoa a armadilha será fatal.  Incluir a família no tratamento implica em além de acionar as figuras corretas para o paciente se diferenciar, também, em orientar ao familiar a se comportar de forma diferente com o paciente referido.  Nesse processo os padrões repetitivos de comportamento começam a ‘falhar’ no bom sentido.  Como num caleidoscópio, se mudamos uma peça toda a figura muda. Novos comportamentos podem ser desenvolvidos.

Para os profissionais de terapia familiar sistêmica não existe um paciente com transtorno de personalidade mas sim um sistema familiar com transtorno de personalidade.  Todos estão incluídos, todos estão envolvidos e tem a sua parcela de responsabilidade no favorecimento da doença.  A confirmação dessa consigna aparece quando o paciente referido começa a melhorar e outro familiar mostra sintoma.  Para um terapeuta familiar a definição  de família saudável e funcional é aquela onde cada um pode “pirar” alternadamente.  Ou seja a alternância da disfuncionalidade propicia um contexto mais ameno e compassivo. Isso torna o sistema mais aberto a mudanças. Doença mental é congelamento do sistema no tempo.

Mas o que tudo isso tem a ver com a paixão?

Nós somos técnicos que trabalhamos para a saúde mental de nossos clientes e não podemos ocupar o lugar do familiar.  Pesquisar com o cliente seus referenciais familiares e mostrar para ele que  está repetindo ou escolhendo mudar é construir a responsabilidade, junto com ele, de seus atos.  Enfraquecendo então a tendência a culpar os pais, o país, a economia, o mundo  por suas escolhas.

Sei que parece um paradigma bem diferente mas ele é baseado em observação, experiência e estudo.  Aprendi com Bowen, médico psiquiatra e terapeuta familiar e em minha formação com Moisés Groissman na Núcleo Pesquisas RJ, que o maior beneficiário da terapia sistêmica é aquele que a está aprendendo.  Se o profissional se orienta na direção classificatória de seu cliente ele pouco poderá fazer na direção da saúde mental dele pois terá poucos subsídios, poucas ancoras.  A família de origem é uma ancora e uma referencia. Se ele se orienta pelo sistema familiar ele poderá assim construir um projeto de trabalho na direção da funcionalidade dele como profissional e do cliente que procura.

Bowen entende os transtornos mentais numa escala de diferenciação onde 0 seriam aqueles menos diferenciados e 100 os mais diferenciados.   Os pacientes psicóticos graves estariam na escala de 0-25, aqueles da escala de 25-50 seriam de alguma forma um pouco mais diferenciados mas ainda assim estariam no espectro psicótico, os de 50-75 já estariam na escala neurótica e portanto com maior possibilidade de se diferenciar de suas famílias.  Ele afirma que os profissionais em geral estariam nessa faixa. Já os de 75-100 ele sinaliza que não conheceu pessoas assim.  Estar na escala de 0-25 de diferenciação não significa que o paciente não possa estar equilibrado.  Existem familiares que se contentam somente com a calmaria do sintoma.

Para mim como estudiosa e observadora do assunto acredito que essa escala não para em 100 pois a possibilidade de nos diferenciarmos é infinita e até o final de nossas vida. Se estamos trabalhando com os padrões repetitivos de comportamentos na direção da diferenciação, podemos cada vez mais sermos criativos e renovadores naquilo que fazemos e nas relações com os outros.

Nesse sentido a paixão é nocauteada pois entra em cena a admiração e o respeito pelo bom profissional, o bom técnico.  Aquele que me ajudou a crescer, ter responsabilidade e caminhar na vida.  Se o cliente está saudável ele certamente ira procurar novas relações. O amor vai encontrar o lugar correto para ser trocado.  Nesse caso a admiração pode gerar um sentimento amoroso e sabemos muito bem que existem várias formas de amar.

Zeneide Jacob Mendes- Psicóloga,
Especialista e Formadora em
Terapia Familiar Sistêmica

 

Álcool e Sexo duplinha fatal

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Álcool e Sexo duplinha fatal

Lendo o texto da Universa de Amaury Mendes Junior terapeuta sexual e Lucia Rosemberg Psicoterapeuta me inspirou a fazer uma reflexão sobre o tema.

Esse combo, álcool e sexo vem sendo muito comum e quase banalizado nas noites de sexta a domingo. Algumas pessoas tornam a vida tão intensa nessa direção que já iniciam na famosa “quintou”.

Existem diversos fatores para que isso ocorra, mas o que me impressiona é que essas mesmas pessoas dizem que vivem assim porque ‘ninguém quer nada sério’. Já ouvi essa frase diversas vezes em minha prática clínica e isso me faz pensar que própria pessoa que diz isso queira nada sério ou tecnicamente falando tem dificuldade com essa intimidade que vai além do corpo.

Para mim como terapeuta familiar sistêmica vejo que a questão da auto estima e falta de força de vontade é efeito colateral das dificuldades que a pessoa desenvolveu no núcleo familiar. Seja ele qual for pais heteros, homoafetivos, escolas para pessoas desprovidas de pais e que vivem em orfanatos, pais adotivos e famílias escolhidas .

Qualquer modalidade de grupo de cuidado pode construir determinados padrões de comportamento que desenvolvem atitudes de abuso de sexo e álcool. Acho que podemos falar de comportamentos compulsivos.

A dificuldade com o tema é a qualidade do sintoma. Ambos são prazerosos. Mesmo que imediatos – daí a repetição – levam ao prazer e descarga de tensão.
Muitas pessoas usam o sexo e o álcool para descarregar tensão. Por isso para iniciarmos um tratamento precisamos pesquisar a qualidade do exercício físico que a pessoa faz. Isso é um passo que ajuda demasiadamente no tratamento. Ensinar a pessoa a pensar naquilo que é construtivo ou destrutivo pode ser um segundo passo. Sim um segundo passo pois o aspecto de certo e errado que se instala no pensamento pode ser um truque para o ‘eu sou mesmo assim’, ‘não posso viver sem sexo’. A banalização do álcool e do sexo se instala como um veludo nesse contexto.
Esse padrão de pensamento binário, isso é certo, isso é errado, estimula a superficialidade do comportamento evitando a introspecção e reflexão sobre aquilo que me faz bem e aquilo que me machuca. Ouvi recentemente uma criança de 6 anos dizer quando estava chorando porque se machucou e alguém lhe ofereceu um chocolate: “quando meu corpo se machuca não gosto de comer”. Achei essa observação muito interessante pois quantos atos compulsivos advém de machucados físicos e emocionais? A criança estava sentida e queria sentir e deixar passar. Respeitar a percepção do outro faz parte do processo de inclusão sutil das relações. O que o outro me fala, acrescenta e me faz pensar e muitas vezes mudar. Quando foi que corrompemos essa fronteira? Uma boa pergunta a ser feita para nossos clientes.
A família tem papel preponderante em facilitar ou inibir nossas percepções. Quando facilitam ampliamos nossos horizontes de pensamentos e afetivos, quando inibem somos obrigados a repetir padrões familiares e ou ’clichets’ sociais ‘aceitos’ e nesse sentido somos agenciados pelo bem e o mal. A dificuldade se ergue no agenciamento e isso nos torna mecânicos e sem alma.

Alfabetizar-se no afeto é um trabalho que só acontece se temos como referencia o núcleo familiar. As crianças são alfabetizadas na medida do conhecimento de seus pais. Conhecer nosso núcleo familiar é ter parâmetro para escolhas não é se opor ou censurá-los mas sim como falamos em terapia familiar sistêmica, se diferenciar. Como nos orienta Bowen, se diferenciar não é ser diferente mas sim tomar uma distancia adequada da família sem atacar, recuar ou se esconder. Não podemos escolher como vamos nos comportar se não conhecemos o quanto um padrão familiar de comportamento nos afetou na nossa família.

Para mim tratar desse binômio álcool – sexo tem que ter o viés familiar. Familia como unidade emocional (Bowen). Familia como formadora de padrões relacionais que se reeditam em nossas relações de casamento, amizades e profissionais.

Não basta tratar do comportamento é preciso ir a fonte do conjunto de normas, ações trianguladas e concatenadas que se instalam de forma condicionada em nossos hábitos do presente.

Mudar um comportamento pode ser efetivo mas compreender a raiz do padrão garante a possibilidade de se diferenciar e exercer aquilo que acreditamos. O livre arbítrio só pode ser garantido a partir de uma ampla visão do sistema educativo primário.

Zeneide Jacob Mendes
Psicologa
Especialista em Terapia Familiar Sistêmica
Formadora e Supervisora

Fishing Freedom

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Freedom has a great value and a different meaning nowadays.

 

After one and a half years developing new rules of behavior, I discovered the real meaning of this word – FREEDOM.

 

To be confined made my life walk in specific directions.  I have to say that it was a very special opportunity to do things I always thought I didn’t have time to do, like: read, write and exercise.  I was used to doing these things but always in a gap of daily “Ito do…” tasks.

 

As I couldn’t go outside and do what I was used to the way I used to, I discovered how to go inside myself.  I had the chance to discover and experience new feelings and behaviors I wouldn’t imagine I could have. That was the first door to freedom.

 

In this mood I learned that everything in life is an opportunity to understand myself and the surroundings in another level.

 

One day a book whispered in my ear. Go beyond. I had a strange feeling: Why not? Just think in another level, just listen, don’t come up with an opinion about everything, be in doubt, accept you don’t know”. Beyond is so broad that one can feel a spark of freedom only by thinking about it.

The book kept on telling me that there were 3 doors, one to go in, one to go out and one to go beyond.

“The way in and the way out are often the same but the way beyond is usually quite different, hard to find and really absolutely worth it.” (from “The Mines of Liht: Book 1 The Way Beyond (English Edition)” by Arif Shah). 

 

I began to meditate about that.

 

To go inside and to deal with my Inner Being is an opportunity to deal with situations that bothered me in an unusual way. I’ve started to practice the way in.  From this place (or state of being) I had a chance to be comfortable in my uncomfortable feelings and to think about the possibility of behavior in a new way. I was going to a new way out by being in touch with your Inner Being – a state  away from conditioned behaviors and thoughts –  you have the chance to go beyond .  

 

Go Beyond! Was what I listened. Give yourself an opportunity.  Why not develop a new emotional menu for your acting and of course your feelings?  Yes, you can do it. Another door to freedom was opened.

 

I kept on fishing freedom.

 

But you can say: What about the others? How to get free from an unpleasant conversation or situation how to get free from it without being rude or unpolite.

The point is how to be strategic and lead the situation to a positive place.

 

First fishhook: accept that you have an Inner Being that is a kind of internal guide.  Not thoughts, not feelings, but a different nature inside ourselves. An Intuitive guide.

 

Second fishhook: think about being responsible. You have at least 50% chance if you are dealing with one other person to let the situation go in one or another direction- a positive or a negative way. Choose what is more comfortable for you.

 

Third fishhook: feel what you are perceiving about the situation, but don’t let it be guided by a feeling that puts you and the others down. There are some voices that we listen to, and we learned in our family of origin that if you keep on listening prevent you from growing and building your present and future. There are other voices that lead you in a positive direction. Observe it and discover what you really want.  Learn about that and choose what to believe and how to behave.

 

Fourth fishhook: change conversation subtly or suddenly. With the others and even with yourself. Be kind about bad thoughts with yourself. Give your brain good food, I mean good thoughts. Persist on that. You must be brave.

 

Freedom is like the silence, its there but you can’t see it because it’s invisible.

 

The greatest freedom is to use all your senses in a constructive way. Remember what the neuroscientists say: you can use much more of your Brain.  This is healthy and will lead you to a wiser way of life. Fish some freedom once a week. I’m sure you’ll will enjoy it.

 

 

 

To Lose without being Lost

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To Lose Without Being Lost

 

I’ve been dying since I was born but I didn’t pay attention to it until I was 14 years old when death came to my life. Then, I learned to face lots of loss.

To lose has several aspects.

Sometimes loss of joy and happiness, loss of vitality, loss of confidence and so on.  I’ve learned that everything comes and goes and the dance between one and another means there is Life inside the Life.

To discover and feel this movement is to stop going to the binary/digital way of life: I like x I don’t like, this is beautiful x this is ugly, this is right x this is wrong. There are things that are wrong and to judge it we have the rules of law.  But when you are talking about life and feelings in general right or wrong is not worthwhile.

In this process, I’ve discovered a more functional way of thinking in different terms and frames of reference.  What about constructive or destructive?

Sometimes the death of a destructive behavior is something that makes your life more happy, functional, and attractive.  Sometimes the death of a project is very constructive because the stress that you had to manage was unworthy.

Think about the death of a violent relationship.  It’s one of the more challenging to deal with. The person loves the one that is rude and beats him/her. How does one manage a relationship as that ? This is unhealthy and destructive .  It’s a sensitivity work and a tall order. We have to be strategic and wise.

It’s so difficult for a human being to separate emotion from thoughts.  And more difficult to understand that emotion is not feelings – they are not synonyms.  The feelings are the bridge that links the emotion with the thoughts. In fact, deep feelings connect you to Earth.

Emotion is a strong way to show what you feel, but it’s not the real feeling itself.

We have to learn how to be clear about what you feel and what you think. For the one that is suffering violence it’s so difficult to separate both.

We are speaking about new terms of reference to show the person a new way to think about life.

And what does one discover when you use those terms of reference? First of all, you learn that you have a choice in life and you are responsible for your choice. As you learn to use those references, you can feel more joy, comprehension, and you learn that life is a gift and not what you would like to be. The universe gives you lots of opportunities to learn to deal with that.

So some relationships must die in order you can live in peace and harmony. Despite you love someone but if  the relationship is destructive you can choose to feel the love and quit the relationship. It’s a deep learning about how human nature functions.

Another term that helped me to face death was developed by Aziz Djendli in his book The Path to Active Presence. 

I use this reference in my life just because it is much more than a concept. It brings the way in which one can manage to be present, not passive but doing something with and for oneself.

“A simple definition might be that ‘being present’ is a feeling of inner well-being in daily life, coupled with an increasing capacity to be actively useful, and to be truly kind to yourself”.  

As we are talking about loss, what shall I lose to feel inner well-being in daily life?

My absence in my life? Absence is a feeling of passivity. Passivity is the best loss that one have to deal with.  Lose my “not to do,” lose my laziness, and give a chance to change those negative thoughts and attitudes. You can be sad without being absent in your life. Being Actively Present no matter what.

Raise your voice and act to cooperate with a better world for you and for the others. This means to take responsibility to being a good ancestor.

Como eu gostaria de ser lembrado

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“O esforço faz alguns homens famosos.
Um esforço ainda maior permite a outros grandes homens permaneçam desconhecidos”
“Reflexiones”, Idries Shah.

Estamos vivendo um momento absolutamente novo para a humanidade.

Tentamos comparar com guerras ou outras situações traumáticas; porém, o momento atual transcende todas as experiências que já vivemos.  Não temos modelos anteriores que possamos usar e novos parâmetros são necessários.

Os profissionais da saúde estão numa situação de grande  estrese e muita demanda. Quando passamos por situações emergenciais sentimos ansiedade ou corremos o risco de ficar anestesiados se não nos diferenciarmos.

O que é se diferenciar e como fazer?

Se diferenciar é assumir a posição eu e responsável dentro de um universo com tantas ideias, ameaças e provações.

O que promove a diferenciação é o auto conhecimento.

O auto conhecimento vem do saber que pertencemos a uma família onde se estabeleceu um processo educativo ao qual estamos inseridos.  Muitas vezes os padrões de comportamentos estabelecidos, através da educação que recebemos, ao longo de nossas vidas, são só padrões que se repetem sem ao menos questionarmos.  No momento atual precisamos ser mais positivos. Escolher alguns comportamentos funcionais. Se o nosso processo educativo revela nuances que nos paralisam ou dificultam a lida com a vida no dia a dia, nesse sentido, refletir sobre auto conhecimento e assumir a posição Eu é fundamental. 

A posição Eu vem do distanciamento estratégico que tomamos no sentido de questionar certas consignas que vem a nossa cabeça e nos debilita ou nos deixa paralisados: “não vou conseguir”, “pode ficar muito pior”, “o mundo é perigoso”, “você não é suficientemente bom fazendo o que faz”.  Será que isso é uma realidade ou somente uma ideia que vem na minha cabeça?

De quem são essas ideias que vem na minha cabeça?

Com quem eu aprendi?

Como meu pai ou minha mãe lidava com as situações adversas?

Uma ideia não pode ser maior que a pessoa.

Essas consignas criam padrões de comportamento que se transformam em crenças sobre si mesmo. É preciso ampliar o conhecimento sobre si mesmo: “conhecimento é algo que você pode usar, crença é somente algo que te usa”,  como nos ensina Idries Shah, em seu livro “Reflexiones”.

Quando falamos de esforço estamos falando de colocar um pouco mais de energia naquilo que estamos fazendo.  Esforço não é sacrifício. O sacrifício é uma forma desesperada e disfarçada para procurar aprovação e reconhecimento do outro. Sacrifício está vinculado a uma vontade de ser aplaudido por aquilo que fez. 

O Esforço é uma energia ativa. O esforço está ligado a percepção da necessidade.

Qual é a sua necessidade? Qual a necessidade do momento presente?

Cuidar do outro é cuidar de si mesmo. O treinamento daqueles que estão vinculados ao cuidado  vai sempre na direção da ajuda ao outro. Porém, o outro mais próximo de você é você mesmo.  Cuidar de si nesse momento é fundamental.  Se conhecer é fundamental. Como?

Se pergunte como está sentindo e se pode se sentir melhor se não está muito bem?.

É certo que muitas vezes esbarrará na negatividade sua ou do outro. Lidar com isso requer um elemento a mais em termos de conhecimento. Isso inclui conhecimento e compaixão e não só informação.

Informação é diferente de Conhecimento . 

A primeira pode nos dar algum parâmetro mas o objetivo dela é ela mesma, ou seja mais informação.  Nos dia de hoje informação provoca um certo mal estar, precisamente, por causa do excesso e pela falsidade de algumas. 

O segundo é  produto de uma leitura mais sábia sobre uma determinada situação.  Implica em acrescentarmos outros ingredientes tais como: compaixão, reflexão, consciência do medo e dos riscos, prudência. Exercitar tudo isso e algo mais, consigo mesmo e com o outro.

Procurar descobrir um propósito para seu dia é um caminho. 

O que posso fazer de concreto? Lavar minha louça? Arrumar minha cama? Trabalhar na web?Ler um livro?  Qualquer ação cotidiana que promova alguma rotina é bem vinda.  Novas rotinas  precisam ser desenvolvidas.

O que posso fazer para me sentir melhor e beneficiar meu grupo de trabalho? Outra pergunta importante.

Se preciso estar presencialmente em minhas funções uma pequena atitude generosa com um colega pode ser eficaz; um olhar, um café, uma palavra, um ato educado, chamar uma pessoa pelo nome, pedir ajuda a uma força superior que pode ser feita ao invocar a bondade da humanidade ou a vontade de ser feliz que habita dentro de todos nós.

Assim trabalhamos no coletivo. Assim podemos ser mais compassivos.

Todo ser humano quer ser feliz e o que sustenta a felicidade é a qualidade de relação que estabelecemos conosco e com o outro.

A primeira unidade coletiva que conhecemos é a família.  Nessa matriz aprendemos a dialogar, discordar, onde temos os primeiros embates e desenvolvemos valores.  É nela que aprendemos os parâmetros que vamos usar e seguir na vida, seja reproduzindo aquilo que aprendemos, seja escolhendo novas formas de comportamentos. Faça perguntas do tipo:

Que valores posso usar nesse momento de pandemia?

Como quero ser lembrado pelas pessoas que estão ao meu redor?

Para não se mecanizar precisamos  fazer algumas reflexões para que assim possamos  nos comprometer com um propósito no  dia a dia de trabalho e ao retornar para a casa ou retornar de suas funções em home office, se sentir conectado com a vida. Coisas como: “hoje conclui um trabalho”, “hoje atendi muitos paciente”, “hoje lembrei de respirar entre uma tarefa e outra”, “hoje liguei para um amigo querido”, “hoje arrumei minha casa, lavei minha roupa”.  Avalie seu dia. Tenha esse propósito claro, construido de forma singela. Usar termos de referência construtivos nos ajuda a operar melhor com tantas mudanças. 

Esforço é a palavra/ato para o momento.  

Procurar pares cooperativos, no seu lar, no seu trabalho é um instrumento valioso.  Ser cooperativo é fundamental.

Desenvolver uma postura ativamente positiva proporcionará um desempenho maior desse esforço e assim seremos mais inclusivos.

Isso faz milagres em nós mesmos, nos outros e no momento que vivemos.

Plano de Vida

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A vida muda num espasmo.

Como uma contração dolorosa perdemos referências,

                                                            amigos e a nós mesmos.  

Aquele nos mesmos conhecido.

Volto correndo a mergulhar em mim e dou braçadas

                                                            fortes em mergulhos.

Mergulho e submersa fico um pouco e me encontro.

Recupero e respiro.

Na superfície volto a sentir aflição.

Tantas perdas daquilo que conhecia!

Sensação de plainar.

Aqui me vejo, respiro e volto a me sentir.

Me escuto com o coração mais grato.

Estar viva hoje me faz sentir gratidão;

Na roleta russa da vida fui poupada, fomos poupados.

Anseio nessa caminhada para ter tempo interior.

Tempo para transformar aquilo que escuto com o coração em ato.

A intenção são palavras que fazem calmaria.

Me vacino com aquilo que aprendo.

                                                                                                  01/02/2021

Zeneide J Mendes

 

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Positividade e Intenção

Não é muito comum, na cultura ocidental, observar a si mesmo de forma construtiva.  Na verdade, quando essas observações sobre si mesmo são feitas, muitas vezes, carregam um tom hostil de que você “deveria saber que não fez de maneira certa”.  Esses são os efeitos colaterais de um pensamento calcado em prêmio e castigo, um pensamento binário — é isso ou aquilo, você está certo ou errado.  Essa ótica serve para algumas coisas, mas não para todas.  Observar a si mesmo implica outra perspectiva, outra forma de se pensar: o construtivo ou destrutivo.

Ter atitudes construtivas ou destrutivas implica redimensionar até onde podemos ir e quando devemos parar.  Andar de bicicleta é construtivo, mas se eu ficar 2 dias pedalando sem parar pode ser destrutivo.  Nesse sentido, o limite revela a percepção de que estou ultrapassando uma fronteira do meu bem estar e do próximo — se for uma situação que envolva o outro.  Por exemplo: conversar sobre assuntos “delicados” é bom, porém se não conseguimos parar pode virar uma discussão.

 

Observar a si mesmo requer trabalhar com referências que implicam uma maior possibilidade reflexiva.  Olhar as próprias reações diante de coisas que provocam impacto sobre si mesmo.

 

Temos muitas atitudes que se baseiam no passado e no nosso processo educativo na infância e adolescência.  Essas atitudes são automáticas e/ou reativas por serem condicionamentos e padrões de comportamentos adquiridos. Esses padrões, quando são negativos, nos mobilizam e nos levam a pensar coisas do tipo: “Não podemos fazer nada a respeito”.  Na verdade, esse pensamento é uma forma de evitar o assunto.  Evitar usar a disciplina de olhar para si mesmo. Evitar observar o padrão.

 

“Não olhe para si mesmo procurando algo negativo.  Olhe para aquilo que você pode incrementar”. Omar Ali Shah

 

A única utilidade em identificarmos o negativo é poder fazer algo a respeito. Podemos colocar atenção para superar a situação.  Um pouco mais de atenção, sem tensão.

 

Olhar do ponto de vista positivo/construtivo é uma arte pois algumas situações precisam ser toleradas e não podemos nos afastar delas por diversos motivos — por exemplo, em  nosso ambiente de trabalho.

 

Pergunte-se:  Por que a situação não poderia ser mais positiva? Por que deveria ser negativa?

 

Pensar de maneira negativa/destrutiva é usar referências que não somam e que levam você a cair numa armadilha que, na realidade, pode se tratar de preguiça, falta de previsão, algum tipo de convicção de fundo de poço. A estratégia é identificar que se está preso numa armadilha e que, na verdade, a forma negativa não deveria influenciar a forma como agimos. Não deveriam perturbar a maneira de ser da pessoa. Por exemplo, observem uma criança, como ela brinca e se diverte.  O circuito cerebral dela tem uma forma naturalmente positiva de funcionar; ela pula, ri, grita e repete muitas vezes o mesmo ato.   Acreditar que esse circuito neurológico existe dentro de nós e funciona apesar de todos os nossos condicionamentos,  que se sobrepõem como camadas, nos permite perceber essa natureza saudável e prazerosa do existir.

 

Devemos sempre nos perguntar: Os problemas que tenho são válidos? Devo dar alguma importância? Qual a medida? Poderia chamar esses problemas de situações da vida? Posso aprender formas de lidar com eles ? Existem mais soluções que problemas.

 

Precisamos estar convictos sobre a qualidade e a maneira como funcionamos no dia a dia.  Convictos de que podemos escolher seguir num processo desesperante ou criar opções e estratégias de funcionamento.  Pensar de uma maneira útil e valiosa.

 

A pergunta é: O que você pode fazer de melhor para si mesmo e para o grupo ao qual pertence? Como pensar de forma útil e valiosa sobre aquilo que você faz?

 

Podemos desenvolver uma disciplina gentil na qual as situações negativas podem estar sobre controle.  Um protocolo de conduta ajuda e direciona nossos comportamentos. Muitas vezes uma atitude simplesmente mais construtiva pode harmonizar uma situação.  Nada será perfeito se você é sempre receptor de problemas e pensamentos negativos.  Existem situações que nem sempre são problemáticas, e você pode influenciar essas situações de forma positiva.

 

Avaliar nossas capacidades — pois elas podem ser avaliadas e incrementadas —  permite que novas capacidades sejam desenvolvidas. Se não agirmos de forma construtiva ficaremos a vida inteira esperando que algo aconteça. Isso é pensamento mágico.

 

Esperança e ação são necessárias.  Ser positivo implica ter uma ação duradoura, influenciada por sua Intenção e recordada diariamente.  Será um guia para suas condutas e você poderá, assim, ter mais compreensão sobre si mesmo. Compreensão útil, uma forma de olhar para si de maneira construtiva.  Nesse sentido, você entra em contato  consigo mesmo acessando um padrão de pensamento funcional que te guia e motiva.

 

A motivação tem que vir de você, e a forma como você pensa sobre si mesmo aciona ou não essa motivação. Essa é uma chave preciosa.

 

Ser positivo não te leva a uma compreensão instantânea sobre si mesmo, mas te leva, a todo instante, a pensar em uma forma útil de se comportar, de compreender e  de se qualificar.

 

Olhe para si de uma forma que produza algo. Olhe para si de forma crítica, mas não hostil. e sim de maneira gentil e sensata.  Essa forma de olhar é mais educativa, pois inclui o “não sei e posso aprender”.

 

Zeneide Jacob Mendes

Psicóloga e Terapeuta Familiar

 

“Workshop das Intenções para 2021 – Objetivos e Projetos para momentos de incertezas”.

O texto acima faz parte de um trabalho que desenvolvo a mais de 20 anos.

@zeneide

 

Bibliografia:

Djendli, Aziz.  Mandela uma estratégia do bem. Rio de Janeiro: Roça Nova, 2020.

Shah ,Omar Ali. “Aspectos Metodológicos e outras palestras” – Omar Ali Shah Agha

Estar Presente

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ESTAR PRESENTE  num mundo tão atarefado onde caminhamos  sempre para próxima tarefa significa, a princípio, um esforço e uma disciplina até que se instale uma certa qualidade de Ser.

Conforme começamos, no exercício da memória do estar presente, naturalmente acionamos dentro de nós um sensor avaliativo daquilo que preciso, quero, devo fazer ou nos perguntamos: “Será realmente necessário fazer isso?”. “Para quê serve?”. “Para quem serve?”. Perguntas reflexivas que podem desconstruir o modelito do fazedor e daquela máquina de comportamentos, que funciona e funciona, que damos o nome de condicionamento.

Estar presente não é um estado dado, é antes uma audição de vozes que falam dentro de nós dizendo o quê e como fazer.  Ouvindo essas vozes podemos decidir se nos empenhamos ou não nessas tarefas que pela natureza da velocidade (compulsão) nos afasta do nosso Ser que é nosso maior patrimônio de presença e sabedoria que habita dentro de nós.

Nosso Ser é nossa natureza mais íntima que se manifesta muitas vezes de forma tímida como um súbito momento de bem estar.

Estar presente é uma espécie de porta, mapa para nos misturarmos com nosso Ser e com isso viver e criar ambientes mais harmônicos.

Estar Preparado

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A vida foi me mostrando que eu estava me preparando a cada momento. Nunca foi muito fácil, mas não acho que é para ninguém.

Minha prontidão começou mesmo aos 14 anos quando todo modelo de segurança que vivia se desconstruir com o acidente de meu pai.  Fiquei sem ele e tendo que enfrentar coisas que para a minha idade eram fortes demais.  E eu me dizia: “Como fazer isso?” “Como lidar com tantas responsabilidades que nem sei por onde começar?” Foi então que aquela vozinha entrou na minha cabeça :”Você tem que estar preparada para a vida!!!” Muito confuso isso.  Mas eu acreditei nessa voz e procurei ajuda em livros, faculdade, terapias e amigos que me sustentaram a curiosidade de saber como me preparar.

Todos eles me ajudaram muito e assim fui crescendo exteriormente e interiormente me preparando.  Todo dia me preparo.  Acordo pela manhã agradeço ao universo todas as coisas boa que recebo.  Mas o que sempre peço e trabalho é para não perder meu contato profundo com meu Ser.  Essa substância refinada que é a amálgama entre meus sentimentos e todas as informações que recebo e que se transforma em algo de sublime valor – conhecimento.

Sempre procuramos o conhecimento mas quando esse fator de ligação não está envolvido a alquimia não acontece.

Foi isso que fui descobrindo quando fui me preparando.  Mas o mais notável foi o que ouvir de Arif Ali Shah quando disse que: ” a  única coisa que precisamos estar preparados é para não estarmos preparados”. Carrego essa joia comigo hoje.